Um bebê é sempre uma grande alegria, ainda mais quando os pais não são mais “marinheiros de primeira viagem”!

Afinal, eles já experimentaram esse papel da maternidade ou paternidade antes e treinaram habilidades parentais, que envolvem diversas competências, inclusive emocionais. 

Agora surge um novo desafio: além da recepção do novo ou nova integrante da família, é preciso pensar também na adaptação do irmão ou irmã a essa nova realidade.

A criança pequena de até 3 anos vive uma fase denominada na psicologia de egocentrismo, na qual ela enxerga o mundo a partir de uma única perspectiva: a dela própria. 

Ela está descobrindo que existem outras pessoas, com vontades e ações que influenciam a sua vida, experimentando emoções e aprendendo a lidar com as situações. 

Portanto, a chegada de um irmão nessa fase de desenvolvimento pode ser um grande desafio, mas também uma rica oportunidade de aprendizagem! 

É natural que cada criança reaja de uma maneira particular a essa novidade, mas todas sentem a chegada de um irmão,  que pode acontecer na gestação, quando o bebê nasce ou até mesmo quando ele começa a fazer as primeiras gracinhas! 

Essa fase merece atenção dos pais e cuidadores, afinal as crianças pequenas  estão construindo sua identidade a partir das relações que estabelece com as pessoas e a dinâmica familiar interfere diretamente nesse processo. 

Se a criança era o centro da atenção da casa e o “bebê da família” até agora, com a chegada de outro bebê, então quem ela é? Qual é o papel dela na família? 

É esperado que ela mude seu comportamento e até regrida em alguns aspectos, diante dessa mudança na dinâmica familiar, até que consiga adaptar-se e descubra seu novo papel no núcleo familiar. 

Os adultos podem auxiliar nesse processo de adaptação e ajudar a criança que acaba de ganhar um

irmãozinho a lidar com essa nova realidade. 

Mas como os pais podem ajudar? 

– Paciência, gentileza e firmeza para lidar com as emoções das crianças: Afinal, é uma fase de intensas mudanças em que é preciso acolher e ao mesmo tempo manter os limites estabelecidos anteriormente. Ferramentas da Disciplina positiva podem auxiliar se a criança precisar testar os pais, como forma de aprender a lidar com as próprias emoções. 

– Envolver a criança em pequenas responsabilidades: essa pode ser uma estratégia para que ela sinta que cresceu e é capaz de ajudar! Além de auxiliar no desenvolvimento da autoconfiança, da autoestima e também da autonomia dela. Esses momentos podem sugerir que ela segure uma fralda do irmão ou coloque um porta guardanapo na mesa. O mais importante é criar oportunidades para que ela perceba que tem um papel importante na família: o de irmão ou irmã mais velha. 

– Valorizar as conquistas: É natural que um bebê chame atenção de todos, por isso é preciso mostrar ao filho ou filha mais velha que o que ele faz é importante e valorizado pela família! Dica: Coloque aquele desenho que ele fez na geladeira e mostre para as visitas. 

– Qualidade de tempo e exclusividade: a criança vai precisar aprender a dividir o tempo e a atenção dos pais, o que representa um exercício importante para aprender habilidades sociais. Por isso, é importante ajudá-la a compreender que há momentos em que os pais não poderão estar com ela, mas que em outros ela terá qualidade e exclusividade de tempo. Possibilite que ela escolha o que fazer em um momento que será só dela com o pai e com a mãe ( de preferência sem o celular para preservar a qualidade do tempo). 

– Convívio com outras famílias que têm dois ou mais filhos: A criança aprende muito pela observação e imitação, portanto se ela convive com outras crianças que têm irmãos poderá perceber os benefícios de ter um, como por exemplo: ter sempre com quem brincar. 

– Histórias com personagens que vivenciam  situações semelhantes  em suas vidas: para a criança pequena, os enredos podem ajudar e muito a entenderem a própria realidade na “pele” dos personagens! Se quiser dicas de livros que auxiliem neste processo, deixe um comentário, que indicaremos! 

Não há nada melhor para as crianças durante a primeira infância do que a experiência de vivenciar as aprendizagens decorrente deste lindo processo de adaptação a chegada de um irmão! 

Andrea Caram de Oliveira 

Psicóloga, Educadora parental certificada pela  Positive  Discipline Association, e orientadora educacional da Escola Meu Castelinho.