Dicas da abordagem Pikler para o desenvolvimento das crianças:

“Durante suas atividades, realizadas com sua própria “responsabilidade”, o bebê aprende a
observar, a agir, utilizar seu corpo de maneira econômica, a prever o resultado de sua ação;
aprende a sentir os limites das suas possibilidades, a modificar seu movimento, seus atos;
aprende a aprender”. (TARDOS, 2008: 53)
Vínculos afetivos
A formação de vínculos é essencial na abordagem Pikler, e para isso o contato visual e
interessado dos adultos, bem como a linguagem serena e direcionada à espera de respostas, é
essencial nesse processo de construção mútua.
É preciso conversar com as crianças, desde muito cedo, o que não parece fácil para muitos
adultos, afinal é comum ouvir: “são só bebês”, “não sabem falar”, “será que me entende?” Emmi
Pikler nos deixou um lindo legado: “Confiem nas crianças”, portanto devemos mostrar a elas
que são respeitadas, amadas e participantes daquilo que é proposto para elas. Dessa forma a
partir da linguagem verbal, corporal e facial precisamos avisar o que irá acontecer, o que
possibilita a criança antecipar os fatos e sentir-se segura e participante. Também é importante
descrever ações, estabelecer um diálogo a respeito de cada situação, e fazer uma leitura sensível
das “respostas”, a partir de pistas como expressões faciais, movimentos do corpo e sons.
Ambientes Interessantes e desafiadores
Pensar em um espaço repleto de possibilidades de interação é essencial para que as crianças
tenham interesse em buscar o que querem e assim, desenvolverem habilidades psicomotoras e
lógicas, além de capacidades de resolução de problemas. O melhor lugar para as propostas são
no chão, com espaço suficiente para que os bebês possam mover-se de diversas formas em
diferentes direções. Para as crianças que já conseguem rolar e arrastar-se, é importante
disponibilizar apoios para que possam segurar-se e erguer-se, se assim desejarem.
Simplicidade x Tecnologia
Disponibilize objetos próximos aos bebês de diferentes tipos, tamanhos, cores, formas, texturas
e utilidades – que possibilitem a exploração autônoma. Nessa concepção, os brinquedos
tecnológicos podem limitar as possibilidades de desenvolvimento, porque embora prendam a
atenção das crianças não dão oportunidades para que elas explorem, investiguem, construam e
criem diversas formas de interação. Os materiais não estruturados (caixas, cestos, tigelas,
esponjas, tapetes, dentre outros) podem ser uma boa opção, pois despertam a curiosidade para
exploração autônoma, proporcionam experiências sensoriais e motoras. Em breve faremos uma
publicação sobre o Cesto dos tesouros e o Brincar heurístico, que complementará essa reflexão
sobre a importância da simplicidade na oferta de brinquedos e materiais para bebês e crianças
pequenas.
Papel dos adultos – Espera paciente
O papel dos educadores, na família e na escola, nessa concepção é estabelecer condições para
um clima afetivo, com ambientes seguros e interessantes, com liberdade para exploração, que
permitam o movimento espontâneo nas atividades, sem intervenções supérfluas e inoportunas
dos adultos.
Nesse processo é fundamental atitude paciente e observadora, que controle impulsos, evite
movimentos mecânicos, respeite o ritmo de cada criança, por confiar na capacidade dela em
realizar ações competentes de maneira autônoma, utilizando o repertório de comportamentos
de que dispõe, em determinada fase de seu desenvolvimento, desde bebê.
Liberdade de Movimento
Nessa perspectiva, a partir de uma imagem de criança competente, a liberdade de movimento
representa um dos princípios fundamentais da abordagem Pikler, e permite que os bebês
aprendam novas posturas corporais de maneira natural e espontânea, por meio de seus próprios
esforços, dosados e regulados por eles mesmos, sem a interferência ou estimulação direta dos
educadores.
Dessa forma é essencial que a criança não seja colocada em uma posição que ainda não tenha
conquistado de forma autônoma, a partir de seus próprios esforços. No Meu Castelinho, os
bebês permanecem no tatame no chão, deitados de barriga para cima, com materiais e
brinquedos interessantes que estimulem a sua vontade de explorar e se movimentar livremente.
Assim, gradativamente vão conquistando novas posições, aprendem e girar o quadril, a rolar e
a virar-se de bruços , arrastar-se e engatinhar, em um percurso de conquistas que lhe oferecem
segurança ( afinal, elas se colocaram nessas posições e estão seguras porque podem reverter se
desejarem).
Organização da rotina
Nesse sentido, a organização do cotidiano das crianças deve estar voltada para a ampliação
dessas possibilidades, a partir de momentos de construção de vínculos e também da oferta de
espaços e materiais úteis e funcionais, que representem experiências concretas,
multissensoriais e corporais variadas, as quais lhes permitam fazer o que desejam, a partir da
própria iniciativa e interesse em seus “projetos individuais”, enquanto se sentirem à vontade e
estimuladas por esses contextos criados pelos educadores.
“O fruto dessas experiências não é só o fato de conseguirem novas aquisições, por exemplo uma
nova postura, mas constituem em si mesma uma fonte de prazer, de satisfação e sentimento de
eficácia, que representam um valor não só para o presente, mas também para o futuro da
criança”. (FALK, 2008: 42)
Por meio dessas vivências, as crianças experimentam o corpo e comportamentos, suas reações,
fazem abstrações, generalizações e desenvolvem capacidades físicas, intelectuais, emocionais e
criativas.

Andrea Caram de Oliveira
Orientadora da Escola Meu Castelinho

Escola Meu Castelinho

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Itaim Bibi | Pinheiros • São Paulo • SP