Artigo publicado na revista científica Infant Behavior & Development, sugere que bebês devem ser estimulados desde cedo e afirma que interações sociais contribuem no desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança.
No artigo “Interweaving social and manipulative development in early infancy: Some direction for infant caregiving”, os pesquisadores fizeram uma revisão de estudos e perspectivas teóricas e apresentaram a nova abordagem para compreender a imitação e as atividades manuais.
Esta revisão propõe que os bebês sejam posicionados em posturas favoráveis para assistir cotidianamente os adultos em suas atividades diárias, como: manipulando objetos, agarrando, transportando, inserindo, explorando e assim por diante.
Além disso, o estudo explica que os bebês precisam ter oportunidades frequentes de explorar e interagir com objetos e pessoas, para que desenvolvam as habilidades de segurá-los e de estender os braços para alcançá-los.
Essas interações têm impacto na forma como eles entendem o mundo social e a cadeia de ações possíveis nesse ambiente e proporcionam oportunidades para que aprendam a usar o próprio corpo de maneira funcional , percebendo as relações entre seus movimentos e as consequências no ambiente.
Os pesquisadores argumentam que, embora estudos anteriores tenham mostrado que os bebês só começam a imitar a ação manipuladora por volta dos 6 meses de idade, a experiência de observação dos adultos e a própria exploração manipulativa com materiais diversificados desde as primeiras semanas de vida podem estimular suas percepções e influenciar significativamente seu desenvolvimento motor, cognitivo e social.
Dessa forma, os bebês devem ter a oportunidade de interagir com os objetos antes mesmo de apresentarem uma coordenação olho-mão adequada , ou seja antes de aprenderem a alcançar e agarrar objetos .
A pesquisadora Priscilla Ferronato, autora do trabalho, explica em uma entrevista ao Estadão, que os bebês, nos primeiros três meses de vida, em geral, não conseguem fazer sozinhos movimentos para alcançar objetos. “Os cuidadores normalmente estimulam o uso das mãos a partir do momento em que os bebês aprendem o movimento de alcançar objetos. Nossa proposta é o contrário: incentivar no período em que eles ainda não conseguem”.
As sugestões estão baseadas na reprodução de cenários simples e de fácil adaptação, que replicam situações experimentais de estudos clássicos do desenvolvimento infantil.
Confira alguns dos exercícios propostos:
- Colocar nas mãos da criança um objeto com textura lisa. Em seguida, acrescentar rugosidade à superfície para que ela sinta a diferença na forma de agarrar.
- Oferecer um dedo para o bebê segurar e, quando ele conseguir, sorrir para que haja a associação do toque com o estímulo visual.
- Proporcionar um ambiente com baixa luminosidade, colocar um feixe de luz (com uma lanterna ou o celular) atravessando horizontalmente o bebê na altura do peito para que ele tente controlar os braços ao buscar o feixe de luz.
O objetivo final desse estudo é levar essas informações a educadores e pais, que muitas vezes não têm ideia do que os bebês são capazes de aprender logo nos primeiros meses de vida.
Fontes:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0163638321000394?via%3Dihub
