A criança, em especial na primeira infância, está descobrindo o mundo. Ela precisa de objetos e brinquedos que trazem significados, que a instigue a pensar, relacionar, criar hipóteses e testar. Ela tem necessidade não apenas de constatar a existência das coisas, mas também de compreender as relações e fenômenos do mundo. Por isso, a criança pega, bate, chacoalha, abre, fecha, joga, encaixa… Ela estuda minuciosamente cada detalhe que suas ações produzem. A cada nova descoberta um prazer que transborda!
Os objetos mais simples, que chamamos de brinquedos não estruturados, permitem o processo de transformação do objeto por meio do brincar ativo da criança. Por exemplo: um bebê pequeno pega uma argola, olha, leva à boca, bate e experimenta as propriedades deste objeto para entender o que é isso.
Um bebê maior quer saber o que pode fazer com a argola, portanto joga, faz girar, encaixa no próprio corpo ou em outros objetos, entre outras experiências. Uma criança próxima aos 2 anos pode criar novos usos por meio da imaginação e brincar que a argola é uma pulseira, uma coroa ou o volante de um carro.
Portanto, o bom brinquedo é aquele que pode transformar-se em várias coisas por meio da ação e da criatividade da criança. Temos muitos bons brinquedos dentro de nossas casas e no kit disponibilizado pela escola, basta deixar a criança explorar e descobrir. Para isto, temos que abrir espaço para ela. Espaço para pensar, questionar, tentar, criar uma linha de raciocínio, apropriar-se dos acontecimentos, aprender e reaprender.
Ao dar “dois passos para trás” e observar antes de interferir, talvez possamos enxergar melhor nossas crianças construindo seu conhecimento de mundo, um conhecimento sólido do que vivenciou, criando as bases para o que vem pela frente. E nós, adultos, com certeza aprenderemos junto com elas. Descobriremos o prazer de deixar de ser quem mostra para passar a ser quem vê. Ver com olhos de principiantes, com o encantamento de quem está descobrindo e criando o inédito!
Leila Saita
Psicomotricista e especialista em primeira infância
Conheça aqui algumas propostas realizadas com materiais não estruturados: