Os bebês não nascem com manual de instrução, por isso a parentalidade pode ser considerada uma das missões mais desafiadoras para todos que se propõe a educar uma criança.
É um projeto de vida, que normalmente parte de um genuíno sentimento de amor e uma incrível vontade de acertar! Esse percurso é imprevisível e envolve dimensões diversas, como as personalidades, histórias de vida, emoções, entre outras.
Todas as fases são importantes, repletas de desenvolvimento e aprendizagem para todos os envolvidos, apresentam particularidades e diferentes desafios. No entanto, precisamos considerar que, de acordo com as neurociências, a primeira infância é crucial no desenvolvimento humano, período em que formamos crenças essenciais sobre nós mesmos e sobre o mundo, e aprendemos habilidades socioemocionais importantes para a vida em sociedade.
É nessa fase que as crianças estão descobrindo maneiras de conquistar a autonomia para satisfazer suas necessidades e desejos. Nesse processo de desenvolvimento, elas precisam testar as próprias capacidades e os limites que existem ao redor, como um pequeno cientista, para conhecer a si próprias e ao mundo físico e social.
As crianças pequenas aprendem por meio de experiências, portanto, as reações e atitudes dos adultos frente aos comportamentos delas, influenciam diretamente na percepção que constroem de si e do mundo, seus percursos de desenvolvimento de aprendizagem.
Por isso, como qualquer projeto, a parentalidade precisa ter clareza sobre os objetivos e estratégias, considerar tempo para a execução e acompanhar o desenvolvimento. É preciso refletir sobre o que queremos para nossas crianças e quais recursos e ferramentas temos para contribuir de forma assertiva para a formação delas.
Quando nos tornamos pais, nos preparamos para receber a criança, pensamos no enxoval, na decoração do quarto, mas normalmente não nos preparamos para educá-la. Assim, cada situação é vivida de forma intuitiva ou a partir dos modelos de educação parental que recebemos dos nossos pais, tio, avós ou professores.
Muitos pais relatam que esses modelos parecem não funcionar tão bem como acontecia nas gerações passadas, outros não querem repetir a educação que receberam, por acharem rígida e autoritária demais. Essas percepções e decisões, muitas vezes, causam angústias e muitas famílias sentem-se perdidas porque não sabem como lidar com os comportamentos desafiadores das crianças. Por vezes ou por falta de prioridade de tempo, algumas famílias tendem à permissividade e acabam perdendo oportunidades de ensinar os limites da vida , deixando de contribuir para a formação ética e sócio emocional delas.
Foi sancionada a Lei 14.826/24 que institui a parentalidade positiva e o direito ao brincar como estratégias de prevenção à violência contra crianças. Publicada no Diário Oficial da União nesta quinta-feira, 21, o texto define a parentalidade positiva como um processo de criação dos filhos baseado no respeito, no acolhimento e na não violência.
Segundo a norma, que deve entrar em vigor em 180 dias, cabe ao Estado, à família e à sociedade o dever de proteger, preservar e garantir direitos fundamentais de todas as crianças com até 12 anos, entre eles:
- O brincar livre de intimidação ou discriminação;
- Viver em seus territórios originários;
- Receber estímulos parentais lúdicos adequados à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
- Relacionar-se com a natureza.
A Disciplina positiva é uma abordagem de educação parental, que oferece outros caminhos, para as famílias que pretendem substituir as punições ou recompensas e que buscam uma educação mais democrática e respeitosa.
Essa concepção está baseada em ideias que condenam rigidez e também a permissividade, estimulam o respeito mútuo, consideram os limites essenciais na formação das crianças e se propõe a ensiná-las de forma gentil e firme ao mesmo.
A Disciplina Positiva enxerga os problemas comportamentais como ricas oportunidades para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais de vida. A ideia é aproveitar as birras, as provocações e desobediências, para que as crianças aprendam sobre resolução de problemas, responsabilidade, empatia, cooperação, autoconhecimento, auto regulação, autocontrole e autonomia.
E então? Vamos juntos?
Vamos fazer uma série sobre essa abordagem participativa, que considera a criança protagonista do seu processo de aprendizagem, e queremos saber quais os desafios atuais que os pais se deparam e têm dúvidas de como lidar ou manejar os comportamentos de seus filhos.
Deixe o seu comentário e contribua com a escolha das pautas para os próximos textos ou encontros parentais na escola!
Andrea Caram de Oliveira
Psicóloga e Orientadora Educacional